O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil emitiu recentemente uma ata que chamou atenção por seu tom de alerta para a possibilidade de um prolongamento do ciclo de alta de juros em virtude da desancoragem das expectativas de inflação. Além disso, a taxa básica de juros da economia, a Selic, alcançou 11,25%, após uma série de aumentos desde setembro do ano passado.

De acordo com o Copom, o cenário de curto prazo para a inflação se tornou mais desafiador, especialmente com relação à inflação de serviços, que segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta. Isso fez com que o comitê optasse por aumentar a Selic, o que foi criticado por entidades como a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical.

No entanto, o Copom argumentou que o aumento na Selic foi necessário para manter as expectativas de inflação em níveis compatíveis com a meta. O comitê também enfatizou a necessidade de ajuste dos gastos públicos, que contribuem para o aumento dos preços de ativos e as expectativas.

Além disso, o Copom defendeu uma política fiscal contracíclica, com menos incentivo para a atividade econômica, argumentando que isso contribui para a estabilidade de preços. A redução de crescimento dos gastos, especialmente de forma mais estrutural, pode ser indutor de crescimento econômico no médio prazo, segundo o comitê.

No que se refere ao mercado de trabalho, o Copom considerou que o cenário atual é de conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias. Esse cenário está indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada.

Já no que se refere ao ambiente externo, o Copom avaliou que permanece desafiador, especialmente devido à conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed).

Em relação ao mercado de commodities, o Copom previu que o dólar continuará a ficar em R$ 5,75 e que o preço do petróleo irá aumentar 2% ao ano a partir do segundo semestre. Além disso, o comitê adoptou a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro deste ano e 2025.

No final, o Copom reforçou a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo e insistiu no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta, sem indicar quais seriam os próximos passos.

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