As plataformas digitais se tornaram intermediárias de serviços em todo o mundo, oferecendo desde entregas e transporte até aluguel por temporada. No entanto, essas empresas também têm contratado pessoas para realizar trabalhos à distância online, em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, para tarefas como alimentação de banco de dados de inteligência artificial, criação de conteúdo, apoio a vendas e serviços profissionais.

De acordo com o Relatório Fairwork Cloudwork Ratings 2025, essas plataformas têm condições precárias de trabalho, com pagamento irregular, atrasos e remunerações abaixo do salário mínimo local. Além disso, as empresas não oferecem proteção social, suporte e segurança adequados, o que deixa os trabalhadores vulneráveis.

O estudo avaliou 16 plataformas de trabalho em nuvem e fez um levantamento com cerca de 750 trabalhadores em 100 países. A média das plataformas foi 3,5 de um total de 10, com a Amazon Mechanical Turk, a Freelancer e a Microworkers não pontuando e oferecendo as piores condições. A Upwork alcançou um ponto, enquanto a Fiverr e a Remotasks receberam dois pontos.

Uma das principais constatações do relatório é que um em cada três entrevistados afirmou que deixou de receber por algum serviço ou recebeu em cartões-presentes, que precisaram ser leiloados online para que o dinheiro chegasse à conta corrente. Além disso, apenas quatro das 16 plataformas pesquisadas conseguiram comprovar que os prestadores ganham pelo menos um salário mínimo, descontados os custos como impostos.

O relatório também destaca que as plataformas incluem nos contratos cláusulas com descrições vagas e pouco transparentes que prejudicam os trabalhadores. O coordenador do relatório, Jonas Valente, explicou que o contrato é uma questão chave porque prevê as regras do trabalho, embora não sejam compreensíveis para todos.

Além disso, o relatório cita uma trabalhadora do Peru que, por ter ficado horas em frente às telas, precisou operar a retina, mas não recebeu ajuda e acabou desligada. A peruana ganhava entre US$ 10 e US$ 15 por hora e fazia jornadas entre 6 horas e 9 horas, que entravam pela madrugada.

Os pesquisadores defendem uma regulamentação nacional e internacional da modalidade de trabalho, como forma de alcançar cerca de 400 milhões de pessoas no setor. No Brasil, o Ministério Público do Trabalho (MPT) também defende a aplicação de regras nacionais, pois as plataformas tratam os trabalhadores como colaboradores autônomos, independentes, o que na prática significa negar direitos que os trabalhadores no Brasil conquistaram.

O procurador Rodrigo Castilho, gerente do Projeto Plataformas Digitais, afirmou que as plataformas devem ser regulamentadas para garantir direitos básicos, como férias, 13º e direito ao descanso remunerado. Além disso, ele defende que as empresas devem ter um compromisso ético com os trabalhadores e não explorá-los em sua dignidade e direitos.

O relatório Fairwork ofereceu suporte às plataformas para que se adequassem a padrões mínimos de trabalho justo, e 56 melhorias foram feitas. No entanto, as mudanças ficaram restritas a poucas empresas. As ações vão da atualização de contratos até a melhoria na resolução de disputas e transparência. No entanto, a maioria das plataformas não respondeu ao relatório e não comentou as constatações.

Em resumo, o Relatório Fairwork Clo

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