Uma representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Erondina Silva, apresentou um modelo de educação que não reprova os estudantes no seminário Desafios e Experiências da Educação no Nordeste, realizado em Natal. O objetivo do programa Avexadas para Aprender, desenvolvido pelo governo do Rio Grande do Norte, é atenuar o sentimento de desânimo que muitos estudantes sentem ao ter um desempenho considerado ruim, evitar que deixem a escola e enfrentar a distorção idade-série.
Segundo Erondina, a distorção idade-série é a mais grave questão educacional, pois está ligada ao fracasso escolar. Ela considera que a naturalização da reprovação de meninos e meninas do Norte e Nordeste, das periferias dos grandes centros urbanos, pretos, indígenas e pobres, é uma cultura que está no nosso imaginário, inclusive das famílias.
O Avexadas para Aprender foi implementado no contexto da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar do Unicef e visa contrariar os destinos dos estudantes. O programa é baseado na abordagem do “aprender fazendo” e visa oferecer uma forma de o estudante “contrariar destinos”.
Além disso, o seminário também apresentou o projeto Agência de Notícias na Escola, da Bahia, que adicionou criatividade ao demonstrar como assimilar um princípio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O projeto fornece recursos para que as escolas produzam notícias e exercitem o pensamento crítico, a cidadania e o trabalho colaborativo.
Uma professora, Charlene de Jesus, disse que o programa Agência de Notícias na Escola proporcionou relações mais horizontais entre os estudantes e os professores, reconhecimento dos estudantes pelo que produzem e aprimoramento de habilidades de leitura, escrita, pesquisa e argumentação. Além disso, o programa permitiu que os estudantes sejam mais autônomos e responsáveis, e que a agência seja uma via de expressão para eles.
Para Erondina Silva, é importante mostrar que a educação não deve reprovar os estudantes, mas sim ajudá-los a crescer e a aprender. Ela afirma que é necessário parar de diminuir o aluno e reconhecer que ele faz uma troca imensa com o professor. “A gente tem que parar de diminuir o aluno. Essa educação que não permite mais eu me colocar em patamar acima do aluno. Eu sou mediadora daquele conhecimento, porque tenho mais experiência, mas ele fazem uma troca que é imensa”, disse.