Edição para Jovens e Adultos: Nova Formação Inédita Aborda Tecnologias e Cidadania

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) entra em um novo período de evolução nos estados brasileiros. Neste mês, começou a formação de alfabetizadores da EJA, que aborda habilidades como enviar mensagens de texto em redes sociais, identificar golpes e informações falsas online, usar aplicativos bancários e até mesmo criar perfis em apps de namoro. A formação é voltada para os alfabetizadores da EJA e a educação midiática está entre os tópicos abordados.

A professora da Universidade Federal da Paraíba, Daniele Dias, coordena o Programa de Formação de Alfabetizadores e Docentes dos Anos Iniciais do ensino fundamental. Segundo ela, é fundamental que os educadores ensinem os jovens e adultos a usar as tecnologias de uma forma crítica, para que o cidadão possa ser um usuário responsável.

"Essas pessoas precisam que alguém faça o Tinder [aplicativo de namoro] delas. Ou seja, o analfabetismo tem um impacto inclusive sobre a vida afetiva. Percebe que você está entrando em outra dimensão da cidadania? Essas pessoas não escrevem e não leem no WhatsApp, elas só mandam áudios. Essas pessoas precisam inventar alguma estratégia para pegar o ônibus, dizer que elas não estão enxergando bem, porque elas não querem expor esse analfabetismo. Então, tem a ver com a cidadania, não é?" disse.

Dias ressaltou que a EJA é dividida em duas etapas: ensino fundamental, que inclui do 1º ao 9º ano, e o ensino médio, que é cursado em 1 ano e 6 meses. Em 2022, o nível de alfabetização no Brasil foi de 53,2%, de acordo com o IBGE. No entanto, o desafio é manter os estudantes nas escolas para que concluam os estudos.

Para superar esse desafio, é fundamental que os educadores tenham formação específica para ensinar jovens e adultos. Segundo o auxiliar técnico pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Ourinhos (SP), Marco Antonio de Souza, muitos professores da EJA não contam com formação específica.

"A maioria das prefeituras não tem esse professor da EJA, como tem o professor da educação infantil ou o professor do ensino fundamental. As redes quase sempre oferecem aos professores dar aulas na EJA como carga suplementar, como algo para complementar a sua renda ou para complementar a sua jornada", disse.

A secretária da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Zara Figueiredo, ressaltou que todos os estados, o Distrito Federal e 91% dos municípios já aderiram ao Pacto EJA. Além disso, a pasta encomendou um estudo sobre os impactos econômicos para o país da alfabetização e educação de jovens, adultos e idosos, que deve ser divulgado no semestre.

"A alfabetização, do ponto de vista da cidadania, do ponto de vista da economia, do ponto de vista da democracia, é absolutamente necessária, insubstituível e inegociável", disse. "Você pode colocar a automação que você quiser na sua fábrica, você pode ter as parcerias que você tiver, mas se você não cuidar da alfabetização das pessoas, isso não tem o retorno econômico que você prevê".

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