Os enredos de ficção científica que tínhamos ouvido com temática de epidemias, catástrofes climáticas ou inteligência artificial já não mais nos assombram apenas nas histórias e agora tornaram-se preocupações mundiais. Dizendo de outro jeito, muitas das mudanças globais saíram do estado do “se” (a epidemia pode surgir) e agora passam pelo estado do “quando” e do “como”.

No Brasil, um curso inovador tem como objetivo pregar com isso. Trata-se da Ilum, escola de ensino superior do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação. Com sede no campus do CNPEM, em Rio Claro, São Paulo, a Ilum forma bacharelados em Ciência e Tecnologia de apenas três anos, sendo apenas 40 alunos selecionados anualmente. É gratuito, com os custos da moradia, transporte e alimentação financiados pela escola, além de dar-lhes um computador para usar durante o curso.

O diretor da escola, Adalberto Fazzio, afirma que o curso tem um objetivo preciso: formar jovens cientistas interdisciplinares, independentes, ousados… Com conhecimento em ciência de dados, Inteligência Artificial e machine learning, além de experiencia no trabalho em laboratório e comunicação efetiva. Eles recebem auxílios em sua vida acadêmica, incluindo acesso a laboratórios avançados, equipados com instrumentos como microscópios de força atômica.

Desenvolveram uma estratégia pedagógica diferenciada: os alunos trabalham em projetos que eles propõem ou que os professores sugerem. O que os diferencia? Essa é a maior mudança, segundo Adalberto Fazzio. Além disso, eles têm apoio constante dos professores e são estimulados a publicar seus resultados e a apresentar trabalho. O objetivo é moldar os alunos a serem independentes, capacitados a trabalhar em grupo e a concorrer internacionalmente.

Desde 2022, já se tem um modelo provado: dos 40 alunos da primeira turma, 36 esperam concluir o curso nesse mesmo ano, uma taxa de evasão muito baixa – somente 10%, menos que a média do Brasil.

Entre esses jovens, destacamos Gabriel Xavier, formando, que integra o grupo de medalha de ouro no concurso MIT pelo desenvolvimento de um filtro ecológico capaz de detectar e retirar microplásticos e nanoplásticos de líquidos. O amigo dele, que esteve envolvido com o Cápsula da Ciência, influenciou a sua entrada no curso. Júlia Amâncio é outro exemplo, proveniente de Sergipe e membro do grupo feminino nas chamadas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, e 40% da composição do curso atual. Eles aprendem desde o início sobre as relevâncias sociais da ciência, pois “temos um compromisso de transmitir conhecimento para todos”. Além disso, valorizar a ciência brasileira é priorizado.

No processo seletivo, a ilum segue critérios diferenciados. Na sequência da nota do ENEM, os alunos têm que escrever uma textão de manifestação de interesse, contando sua experiência pessoal e escolar e como motivo pelo curso. Dos cerca de 4.000 inscritos, somente os 40 são escolhidos anualmente.

A reserva de vagas para estudantes de escola pública, desde 2020, e também está avaliando formas de cotas raciais no processo de seleção. Quase todos os estudantes chegam da Região Sudeste, no entanto, a composição regional foi aumentada posteriormente, com cerca de 25% do Sul e do Centro-Oeste.

Interessados no curso inovador de Ciência e Tecnologia da Ilum, devem se inscrever até 16 de dezembro.

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