A morte de José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, completou um mês e trouxe à tona as discussões sobre a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), doença degenerativa que atinge as células cerebrais por meio de impactos repetidos na cabeça. O ex-pugilista, campeão mundial de boxe, conviveu com a doença por quase duas décadas.
A coordenadora do Departamento Científico de Traumatismo Cranioencefálico da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Maria Elisabeth Ferraz, destaca a importância de evitar o cabeceio precoce em escolinhas de futebol e outras artes marciais. “Evitar o cabeceio precoce é uma ótima medida de prevenção. Não é necessário chegar às vias de fato no treino. Deve-se evitar esse tipo de coisa o máximo possível, ou pelo menos oferecer a informação de que traumatismo recorrente na cabeça pode levar a esses eventos [ETC], para que a pessoa, de posse da informação, escolha o que fazer”, afirma.
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) segue o modelo chamado SCAT (sigla em inglês para Ferramenta de Avaliação de Concussão Esportiva), também padrão no Comitê Olímpico Internacional (COI) e na Federação Internacional de Futebol (Fifa). O SCAT começa com a estratificação, avaliação de coordenação motora, reflexo, memória e protocolos de prevenção de preparação muscular da região cervical.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) também segue as orientações relacionadas à prevenção do segundo dano da concussão, que pode causar um dano cerebral grave. O médico-chefe do CPB, Hesojy Gley, destaca que o esporte adaptado tem características peculiares para avaliação dos atletas, como o futebol para cegos.
O rugby é um dos esportes com mais risco de impacto craniano, devido à possibilidade de choques em alta velocidade. A Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) trabalha junto à NFL (principal liga de futebol americano do mundo) para potencializar estudos e comparar dados na área de concussão.
A International Football Associação Board (Ifab), entidade responsável pelas regras do futebol, aprovou um novo protocolo de concussão, que autoriza uma substituição extra à equipe que teve o jogador atingido na cabeça. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também utiliza um protocolo semelhante.
A coordenadora da ABN, Maria Elisabeth Ferraz, destaca que os protocolos de concussão têm melhorado e estão sendo implementados no dia a dia do esporte profissional. No entanto, é necessário que os atletas sejam afastados e passem por avaliações até que estejam assintomáticos e sejam autorizados a voltar a prática esportiva.