Por quatro anos seguidos, a Terra Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, é a área indígena protegida que teve a maior extensão de floresta derrubada na Amazônia. Território do povo Parakanã, que hoje tem cerca de 730 habitantes, a terra protegida perdeu nos últimos quatro anos 324 km² de floresta, uma área maior que a cidade de Fortaleza.

Os dados são do relatório Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas, publicado pelo Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, no início do mês. Segundo o Instituto, mesmo após alertas sobre o aumento da devastação, o desmatamento permaneceu intenso na região nos últimos três meses do ano passado. Nesse período, a quantidade de locais com derrubada de florestas no território Apyterewa, líder do ranking, foi equivalente à soma das três posições seguintes, todas localizadas no estado do Pará.

De acordo com Bianca Santos, pesquisadora do Imazon, as lideranças indígenas têm denunciado o aumento da invasão por parte de madeireiros, garimpeiros e grileiros, e a facilidade dos invasores criarem gado ilegalmente nas terras indígenas. 

Para Bianca Santos, é necessário um trabalho de fiscalização mais eficiente.

Ao longo do ano passado, os invasores desrespeitaram uma série de decisões judiciais de “desintrusão”, que é a retirada de não indígenas da Terra Apyterewa. 

Em março, a 2ª turma do Supremo Tribunal Federal negou pedido da prefeitura de São Félix do Xingu para anular a demarcação da reserva. Em abril, a presidência do STF proibiu a permanência de não indígenas na área.

Já no mês de maio, a Força Nacional foi acionada após indígenas e professores do Instituto Federal do Pará serem ameaçados. A Polícia Federal constatou que houve invasão por parte de fazendeiros.

Em junho, o Ministério Público Federal identificou que invasores e donos de boiadas continuavam por lá. O Ministério da Justiça autorizou em setembro a continuidade do emprego da Força Nacional. E em outubro, duas famílias de posseiros foram retiradas após nova decisão da Justiça Federal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.