Olhos atentos podem observar mais claramente duas estrelas no céu brasileiro: Spica, na constelação de Virgem, e Antares, na de Escorpião, graças a um alinhamento entre a Lua e esses corpos celestes nos próximos dias. Essas estrelas estão presentes todos os dias, mas usar a Lua como referência torna a busca bem simples e um convite para amadores.
A Lua, por sua vez, pode atrapalhar observações mais “profissionais” devido ao seu brilho intenso, que dificulta a visão de corpos menos brilhantes e o “fundo de céu”. No entanto, nessa época do ano, a Lua estará próxima de Spica e Antares, tornando easier identificá-las.
Na noite de sexta-feira, 6 de junho, será possível ver Spica. “Spica é a estrela mais brilhante da constelação de Virgem. Nessa época do ano, ela está no alto do céu no início da noite e depois vai baixando na direção oeste. Hoje em particular, nas noites de 6 a 7 de junho, a Lua estará bem próxima dela, então fica ainda mais fácil de identificar, pois ela será a estrela mais brilhante próxima da Lua”, explica o professor Roberto Costa, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.
Spica é uma estrela especial, pois não é uma estrela comum, mas sim um sistema duplo, que é definido como duas estrelas orbitando uma a outra a cada 4 dias, sendo a principal uma gigante azul quase quatro vezes mais quente que o Sol. Isso a torna visível mesmo em cidades com poluição luminosa.
Já Antares, a estrela mais brilhante da constelação do Escorpião, é uma supergigante vermelha com aproximadamente 800 vezes o diâmetro do Sol, tão grande que, se estivesse no lugar do Sol, ultrapassaria a órbita de Marte. Seu avermelhado e brilho facilitam a identificação.
Costa explica que, nessa época do ano, Antares está na direção leste, a mesma em que nascem os astros. “No início da noite, estará no alto do céu. No meio da noite e depois vai baixando para oeste”, então pode ser observada por toda a noite de 10 e madrugada de 11 de junho, quando a Lua estará próxima dela no céu, o que mais uma vez torna a identificação ainda mais fácil.
É importante notar que a proximidade dessas estrelas com a Terra é apenas aparente. Spica está a 250 anos-luz, equivalente a cerca de 2,36 quatrilhões de quilômetros, e Antares a 553 anos-luz, mais de 5,2 quatrilhões de quilômetros.
“Alinhamentos da Lua com as estrelas são bem comuns, já que a Lua dá uma volta na Terra a cada 27,3 dias. Assim, as posições dela em relação às estrelas se repetem com frequência”, explica Costa. Essa variação foi usada por navegadores por séculos e, de acordo com o professor, os mapas celestes com posições das estrelas foram extensivamente usados durante a época das grandes navegações europeias, entre os séculos 15 e 18.
Com o auxílio de instrumentos, como os sextantes, as estrelas ainda foram usadas em navegação marítima e aérea até os anos 80 e 90 do século 20, quando as redes de satélites de navegação como o GPS apareceram.
Para quem deseja observar esses fenômenos astronômicos, há grupos amadores no país que podem ser encontrados em sites e redes sociais dos planetários de cada cidade. Além disso, o estudo dos céus pode ser facilitado pelos celulares e computadores.
“Minha primeira recomendação é que os interessados em astronomia instalem um programa de computador ou aplicativo de celular tipo planetário. Esses programas permitem ao usuário visualizar o céu do local e hora em que estiver, o que torna a identificação dos corpos celestes muito fácil. Existem vários que são gratuitos e muito bons, como por exemplo o Stellarium ou o Sky Chart”, recomenda Costa.
Em resumo, a proximidade da Lua com Spica e Antares nos próximos dias tornará fácil identificá-las no céu brasileiro, mesmo para amadores. Com a ajuda de aplicativos e programas de computador, é possível visualizar o céu e identificar os corpos celestes de forma fácil e divertida. Além disso, a observação dos fenômenos astronômicos pode ser feita com grupos amadores e é uma ótima maneira de aprender sobre o universo e sua beleza.