Uma operação da Polícia Civil realizada na zona norte do Rio de Janeiro na última terça-feira (10) resultou na prisão de 20 criminosos, apreensão de oito fuzis, duas pistolas, granadas e coquetéis molotov, além de drogas. A ação foi direcionada a uma organização criminosa que controla a região conhecida como Complexo de Israel, que inclui as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.
De acordo com a Polícia Civil, o planejamento da operação levou sete meses e resultou na identificação de 44 traficantes sem mandados de prisão anteriores. A operação faz parte de uma série de ações voltadas ao desmantelamento da estrutura criminosa do Terceiro Comando Puro (TCP) na região, facção que controla o complexo de comunidades.
Durante a operação, houve uma troca de tiros entre policiais e criminosos, o que fez com que a Avenida Brasil, a principal via expressa da cidade, e a Linha Vermelha, fossem fechadas por cerca de uma hora e 30 minutos. O tiroteio causou pânico entre os cidadãos que estavam se deslocando pelas vias expressas, com motoristas de carros, caminhões e motociclistas abandonando seus veículos para buscar abrigo na mureta de cimento que divide as pistas das vias expressas.
Pelo menos duas pessoas foram feridas em ônibus, sendo que um deles era motorista e trafegava pela Linha Vermelha, e o outro era um passageiro que estava na Avenida Brasil. O condutor foi internado com quadro de saúde estável e aguardava cirurgia no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN). Outras duas pessoas foram baleadas durante a operação e também foram encaminhadas para o HMAPN.
Escolas e postos de saúde do complexo ficaram fechados por medida de segurança, e mais de 50 linhas de ônibus urbanos e intermunicipais tiveram o trajeto alterado devido ao fechamento da Avenida Brasil e do risco para a população.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, destacou que os transtornos provocados à população não são causados pela polícia, mas sim pelos “narcoterroristas” que atiram deliberadamente contra trabalhadores em vias de grande circulação para cessar as ações das forças de segurança.
De acordo com a Polícia Civil, a facção impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos, além de promover intolerância religiosa. O chefe da organização criminosa, Álvaro Malaquias Santos Rosa, o Peixão, se declara evangélico.
A polícia identificou um grupo responsável pelo monitoramento de viaturas, queima de ônibus e organização de protestos simulados com o objetivo de obstruir o trabalho policial. Além disso, foi apontada a existência de um núcleo especializado em tentar abater aeronaves policiais, com armamento pesado e treinamento específico.
Felipe Curi explicou que os criminosos ficavam em oito pontos específicos da comunidade, em locais protegidos, com seteiras, com fuzis e lunetas, com a função de atirar nos helicópteros que se aproximavam. Ele destacou que, nos últimos cinco anos, foram registrados mais de 70 ataques às aeronaves policiais.
Uma construção irregular dos traficantes foi demolida, conforme autorização judicial. Era uma torre utilizada pelos bandidos para atacar a polícia, instalada em uma falsa igreja de três andares para despistar as forças de segurança. Nesse local com visão privilegiada, os criminosos se escondiam para atacar as forças de segurança do Estado.
A operação da Polícia Civil é mais um esforço para combater a violência e o crime organizado no Rio de Janeiro, e demonstra a determinação das autoridades em enfrentar os desafios de segurança pública na região. É importante destacar que a população tem um papel fundamental na luta contra o crime, e que a colaboração entre as forças de segurança e a comunidade é essencial para garantir a segurança e a paz social.