Dominguário ordenado para lembrar os 272 vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, seis anos após o ocorrida tragédia. A escolha do sistema de alarme foi feita para marcar o horário em que a tragédia teve início e lembrar que, naquele mesmo dia, seis anos atrás, a sirene não tocou.
Foi dia nomeado pelo Instituto Camila e Luiz Taliberti, uma entidade criada em homenagem aos dois filhos de Helena Taliberti, que perderam a vida no desastre. Eles não foram as únicas vítimas da família. Fernanda Damian, a esposa de Luiz Taliberti, estava grávida de cinco meses do primeiro neto da família.
A presidente da associação, Helena Taliberti, disse que não é um luto normal porque sabemos que é um luto que poderia ter sido evitado. “Eles poderiam estar aqui conosco. A gente sabe que isso ocorreu por negligência e ganância. A dor é diária. Ela está no nosso cotidiano por causa da ausência deles e pela impunidade”, declarou.
A programação do ato incluiu a distribuição de sementes de girassóis, intervenção artística e ação de plantio de mudas e pintura em argila com crianças. O evento também foi usado para coletar assinaturas para o manifesto Basta de impunidade: Justiça por Brumadinho, para pressionar por celeridade dos processos sobre o rompimento da barragem.
A coordenadora de projetos do Instituto Camila e Luiz Taliberti, Marina Kilikian Rossi, disse que o ato é para lembrar o ocorrido e não deixar que ele caia no esquecimento. “Esse é um ato para honrar a memória das vítimas e por pedido de Justiça. Este é outro fator que faz com que grandes tragédias ocorram novamente”, disse.
Helena destacou que a tragédia não afetou apenas as famílias das vítimas, mas também causou danos e prejuízos territoriais, sociais, econômicos e ambientais. “Não foi só perda humana. Houve perda ambiental, que afetou a substância de muitas pessoas, como as que viviam do rio, da agricultura, da pesca. E houve prejuízos também à água, que foi contaminada e eles precisaram ser abastecidos com água vindo de fora porque estava tudo contaminado ali”, ressaltou.
O evento é uma forma de antidizer a impunidade e reafirmar o compromisso com a prevenção de novos episódios. “Fazemos esse ato todos os anos aqui na Avenida Paulista, fora de Minas Gerais, justamente para ampliar a conscientização da sociedade sobre o que aconteceu e o que está acontecendo. Fazer esse ato é trazer a memória. E quando você constrói a memória, você não deixa que essa tragédia seja esquecida e luta para que ela não se repita e, principalmente, para que a morte deles não tenha sido em vão”, concluiu Helena.