Neste Dia Mundial da Água, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que 2,8 milhões de crianças e adolescentes no Brasil vivem sem acesso adequado à água. Um estudo divulgado pelo Unicef indica que, apesar de haver um declínio de 31,5% no período de 2019 a 2023, cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes ainda não têm acesso à água canalizada em suas residências. Além disso, 1,2 milhão conseguem acessar água apenas no terreno ou área externa da residência.
O estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil, publicado em janeiro, foi baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) Anual. As principais regiões mais afetadas são as áreas rurais, onde 21,2% das crianças e adolescentes brasileiros vivem sem acesso adequado à água. Já nas áreas urbanas, o percentual é de 2,4%.
O estado do Acre apresenta a situação mais crítica, com 12,7% das crianças e adolescentes vivendo sem acesso à água canalizada. Em seguida, vem a Paraíba (12,2%), o Amazonas (11,3%), o Pará (9,8%) e Alagoas (9,1%).
Além disso, o estudo também revelou que cerca de 19,6 milhões de crianças e adolescentes brasileiros vivem privadas de níveis adequados de acesso ao saneamento básico, o que representa 38% do total. Nas áreas rurais, o percentual é de 92%, enquanto nas áreas urbanas, é de 28%.
O estado do Acre novamente é apontado como o mais vulnerável, com 31,5% das crianças e adolescentes sem acesso ao saneamento básico. Em seguida, vem o Amazonas (23,5%), o Maranhão (19,8%), o Pará (16,9%) e o Piauí (13,7%).
O Unicef argumenta que essas desigualdades são persistentes e que é necessário implementar políticas públicas que abordem as peculiaridades e desafios dessas áreas. A organização também destaca que, mediante ações realizadas em 2024, mais de 250 mil pessoas, incluindo cerca de 75 mil crianças e adolescentes, foram beneficiadas em oito estados brasileiros.
“Nosso trabalho é voltado para fortalecer as políticas públicas de acesso à água e ao saneamento, para que cada criança e adolescente no Brasil tenha esse direito garantido”, afirma Rodrigo Resende, Oficial de Água, Saneamento e Higiene do Unicef no Brasil. Sem água potável e saneamento seguro, a saúde, a alimentação, a educação e outros direitos das crianças ficam comprometidos.