A noite de quinta-feira (26), tarde de sexta em Melbourne, na Austrália, reservou um feito inédito para o tênis brasileiro: a paulista Luisa Stefani e o gaúcho Rafael Matos bateram a dupla formada pelos indianos Sania Mirza e Rohan Bopanna por 2 sets a 0, parciais de 7/6 (7/2) e 6/2 e conquistaram o título do Aberto da Austrália nas duplas mistas. Pela primeira vez, uma parceria entre dois tenistas brasileiros é campeã de um Grand Slam, como é chamado cada um dos principais torneios de tênis do mundo.

O país já tinha títulos nas chaves de simples, duplas e duplas mistas, mas os outros brasileiros a vencer jogando duplas (Maria Esther Bueno, Marcelo Melo, Bruno Soares e Thomaz Koch) sempre o fizeram jogando com parceiros estrangeiros.

“É um pouco difícil ainda descrever o sentimento. Não sei se caiu totalmente a ficha, mas poder desfrutar deste momento do lado de uma brasileira é muito especial. Não é sempre que a gente pode ter esse privilégio”, afirmou Rafael após a conquista histórica.

A vitória na final  – que durou pouco menos de uma hora e meia  – coroou uma semana perfeita para a dupla que joga junto há apenas um mês e perdeu apenas um set em cinco partidas disputadas. Luisa e Rafael atuaram pela primeira vez como dupla durante a United Cup, competição por países, realizada no fim de dezembro.

Os dois traziam para a parceria uma performance sólida como duplistas – Rafael é o número 29 do mundo e Luisa a 34ª. Luisa carrega no currículo, inclusive, uma medalha de bronze nos Jogos de Tóquio, ao lado de Laura Pigossi. Desde então, viveu grandes emoções. Lesionou o joelho durante a disputa do Aberto dos Estados Unidos, em setembro de 2021, e ficou um ano fora das quadras. Retornou aos poucos e conquistou, na semana anterior ao Aberto da Austrália, o WTA 500 de Adelaide.

Em Melbourne, Luiza acabou não podendo participar da chave de duplas femininas após a desistência de sua parceira, a americana Caty McNally, por lesão. O título inédito, junto com Rafael, foi mais um acontecimento marcante em um período determinante da carreira de Luisa, de 25 anos.

“Passa um filme na cabeça de tudo que eu passei até aqui. Realmente, nesses últimos meses foi muita coisa muito intensa. (Vencer um Grand Slam) era um sonho desde criança, desde que eu comecei a jogar tênis, e isso virou minha paixão, minha meta de vida. Poder estar aqui e compartilhar com o Rafa, outro brasileiro e fazer história para o tênis brasileiro, não há como descrever a sensação e a importância disso para mim”, disse Luisa.

Ymanitu é vice

Outro brasileiro que chegou à final do Aberto da Austrália e acabou ficando com o vice-campeonato foi Ymanitu Silva, catarinense que compete no tênis em cadeira de rodas. Silva, que é o oitavo do mundo na categoria Quad (para atletas que também têm deficiência nos membros superiores), jogou ao lado do sul-africano Donald Ramphadi e perdeu a decisão para os holandeses Sam Schroder e Niels Vink por 2 sets a 0 (6/1 e 6/3).

Este foi o segundo vice-campeonato de Ymanitu Silva em um Grand Slam. Em 2022, atuando com o australiano Heath Davidson, ele foi derrotado em Paris, na final do torneio de Roland Garros.

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