A fronteira agrícola que engloba partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia já perdeu 494 mil hectares de área apenas este ano. Isso representa 75% da área desmatada de todo o bioma Cerrado em 2023.

Apenas no mês passado, essa região, também conhecida como Matopiba, perdeu o equivalente a 58 mil campos de futebol em área. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado e foram divulgados nesta semana. 

Apenas o Maranhão não acelerou o ritmo de desmatamento em agosto, entretanto o estado continua sendo líder na região, com mais de 30 mil hectares perdidos. O dobro de Tocantins, que vem em segundo lugar. 

Repetindo o padrão dos últimos meses, 86% do desmatamento do Cerrado aconteceu dentro de propriedades privadas. É que, apesar de compor quase um quarto do território nacional, apenas 12% do Cerrado está legalmente protegido por Unidades de Conservação e Terras Indígenas. 

Enquanto a Amazônia teve o menor índice de alertas de desmatamento em quatro anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Cerrado continua batendo recordes. Na Amazônia, a área que deve ser preservada é de 80% das propriedades. Já no Cerrado, apenas 20%.   

O Cerrado é a nascente de um terço das bacias hidrográficas que cortam todo o país. E a devastação do bioma já impacta o volume dos rios, inclusive da água usada na irrigação de lavouras. Segundo Isabel Figueiredo, do Instituto Sociedade, População e Natureza, é necessária uma preservação conjunta dos biomas. 

De acordo com Fernanda Ribeiro, do Ipam, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, a vegetação nativa no Cerrado está sendo convertida em extensas áreas de pastagens e agricultura de commodities, como soja e algodão. 

O Sistema de Alerta que monitora o desmatamento do Cerrado foi desenvolvido pelo Ipam e usa imagens do satélite da Agência Espacial Europeia. 

O governo federal prepara para outubro o lançamento de um plano de prevenção e controle do desmatamento no Cerrado. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.