Com uma extensão litorânea superior a 10 mil quilômetros, o Brasil está entre os 20 países com o maior litoral do mundo. Porém todo esse potencial ainda é subaproveitado.

A Amazônia Azul – como é chamada a área marinha brasileira com 5,7 milhões de quilômetros quadrados – equivale a dois terços do território continental e abriga alta biodiversidade em uma grande variedade de habitats.

Esses e outros dados estão no mais completo levantamento já realizado sobre o tema, o “1º Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos” lançado nesta quinta-feira (23) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos e pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.

O objetivo do estudo é orientar lideranças e gestores públicos e privados na proposição de novas ações em prol da zona marinha-costeira.

O levantamento mostra a relação de interdependência com esse ambiente, já que existe uma série de benefícios como segurança alimentar, hídrica e energética, recursos minerais e biotecnológicos, proteção da linha de costa e regulação climática. Que com o passar dos anos vem sendo ameaçado por fatores como a ocupação desordenada, poluição e má gestão da pesca. Um dos coordenadores do Diagnóstico, Alexander Turra, enumera as principais iniciativas para reverter esse cenário.

“O grande desafio é promover diálogos para que o conhecimento seja compartilhado e as decisões tomadas de forma colaborativa. Desenvolver as atividades econômicas no litoral de forma que elas tragam benefícios para todos, e não concentração de riqueza na mão de poucos”.

O documento também apresenta oportunidades para a promoção de um oceano ambientalmente sustentável e com recursos acessíveis para todos. Para Turra, um dos caminhos é promover um arranjo de governança que interrompa a tendência de insegurança alimentar causada pelos altos preços cobrados pelo pescado.

“Regulamentar a pesca, fazendo com que seja controlada. Investir na substituição da pesca voltada para o cultivo de organismos no ambiente marinho, o que nos dá a oportunidade de produzir, até 2050, cerca de seis vezes mais proteína de origem marinha para alimentar a população. No Brasil, não é aumentar a pesca, e sim regulamentá-la e usar outras estratégias de produção”.

Os autores consideram que houve avanços nas últimas décadas, porém com esforços ainda tímidos e que precisam ganhar escala. Além do envolvimento corporativo em processos de planejamento espacial marinho, que pode apontar nichos como recursos medicinais, bioquímicos e genéticos. O estudo aponta ainda que boa parte do empresariado brasileiro vê o oceano como fonte de recursos e considera a conservação como obstáculo ao desenvolvimento.

 

 

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